segunda-feira, 14 de abril de 2008

Obesidade pode ser uma "condição programada" nos primeiros anos de vida

A obesidade pode ser "uma condição programada" nos primeiros anos de vida, especialmente durante a gravidez, e não ter apenas a ver com o consumo excessivo de calorias ou o sedentarismo, defenderam hoje vários especialistas. De acordo com vários investigadores citados pelo jornal on- line El Mundo Salud, o aumento constante da obesidade em todo o mundo "não se explica só pelos factores de risco já conhecidos".

Esta hipótese foi levantada por grupos de investigadores na reunião anual da Associação Norte-Americana para o Progresso da Ciência, que está a decorrer em São Francisco, Califórnia, e que tem como tema "ciência para um desenvolvimento sustentável".Os vários trabalhos apresentados interpretam o excesso de peso como "uma condição programada" nos primeiros anos de vida, especialmente durante a gravidez. Se uma pessoa cresce num ambiente apropriado, o risco de obesidade será menor.Assim, a dieta e o sedentarismo têm um impacto maior ou menor segundo a exposição a factores ambientais em anos cruciais de desenvolvimento.
"Esta nova hipótese tem a possibilidade de abrir novas vias para tratar a obesidade", afirmou Jerry Heindel, do Instituto Nacional das Ciências da Saúde do Meio Ambiente, que pertence ao Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, citado pelo El Mundo Salud.
Impacto de factores ambientais reconhecendo que possa causar dúvidas o facto de a obesidade ser um transtorno "programado", o especialista alerta contudo ser necessário que a opinião pública esteja consciente do possível impacto dos factores ambientais e da dieta durante o desenvolvimento para tomar medidas "preventivas", fundamentalmente durante a gravidez.Alguns estudos para determinar o impacto dos factores ambientais na obesidade centraram-se em agentes químicos presentes no plástico e nas pinturas industriais. "Há estudos experimentais realizados em laboratório que relacionam a exposição a agentes químicos com várias doenças, incluindo a obesidade", afirmou um investigador durante a reunião em São Francisco. Outro especialista pediu novos trabalhos para avaliar, em larga escala, o possível impacto da exposição a pequenas doses de contaminantes em momento cruciais do desenvolvimento e a sua relação com a obesidade.
Peso dos químicos industriaisCientistas do Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos apresentaram dados obtidos em experiências com animais, expostos a vários contaminantes, e que apoiam esta tese.Na investigação foram usadas doses consideradas normais para fetos humanos nos países desenvolvidos. "Faz sentido relacionar o aumento de casos de excesso de peso com os químicos industriais amplamente difundidos desde os anos 40", afirmou um dos investigadores, citado pelo El Mundo Salud. Outro dos agentes químicos a ser investigado tem sido o tabaco, com vários trabalhos a mostrar uma relação entre o consumo de tabaco durante a gravidez e o risco de se ser obeso em bebé ou ao longo da vida.

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